sábado, 9 de junho de 2012

a viagem de trem...


eu tinha 5 anos, talvez 6. não mais que isso, pois ainda não estava na escola. naquele tempo entrávamos direto no primeiro ano, quando com sete anos completos ou a completar até o meio do ano. não era o meu caso. nasci em outubro.


estava ansiosa. era a minha primeira viagem, pelo menos, a primeira de que me lembro.

minha irmã tinha um namorado que morava em bauru. mesma cidade em que moravam meus avós maternos e um tio, irmão de minha mãe. era para lá que iríamos. de trem.

lembro-me do vestido que estava usando. era em tons de verde com estampas que formavam aqueles desenhos geométricos que embaralham os olhos. do sapato, esqueci.

viajei na janelinha e ainda sinto a sensação gostosa do vento que revirava os cabelos e acariciava o rosto.

e lá íamos nós aos chacoalhos. minha irmã brincava comigo fazendo o som da locomotiva: café com pão, manteiga não, café com pão, manteiga não, café com pão, manteiga não...

do lado de fora, tudo passava muito rápido... árvores, flores, gado, rios, lagoas, patos...

dentro, um homem passava gritando qual seria a próxima estação e pegando os bilhetes para fazer picotes... estrelinhas, quadradinhos, bolinhas... fazia isso com uma “maquininha” que carregava nas mãos. parecia um alicate.

passava também outro homem empurrando um carrinho, carregado de sanduiches de mortadela e guaraná.. não era da antártica e muito menos dessas outras mais modernas. vinha numa garrafa marrom com um rótulo de papel que, com o choque da temperatura, ia se desfazendo em nossas mãos. o canudinho era também de papel. azul e branco ou vermelho e branco, que, assim como o rótulo da garrafa, ia se desmanchando em nossas bocas. era delicioso. num tempo em que tomávamos refrigerante somente em dias muito especiais, como natal, festa de casamento ou aniversário chique.


quando o trem parava nas estações, do lado de fora, apareciam os vendedores ambulantes.

– pastel fresquinho, tem de carne, tem de queijo e tem de palmito... (numa voz que me lembrava uma buzina)

– coxinhas super recheadas, bem temperadinha... quem vai querer?

– mariola lulu, paçoquinha, caixinha da sorte, amendoim torradinho (com casca, claro)... – maçã do amor, pirulito (aqueles de açúcar queimado)...

e o trem partia e eu ficava com água na boca de tanta vontade de experimentar tudo que era oferecido.

depois de horas balançando no trem, chegamos ao destino.

não me lembro como chegamos à casa da minha avó, se fomos a pé ou usando algum meio de transporte.

lá chegando, minha irmã me botou na frente do portão e se escondeu. tinha me dado instrução de que deveria dizer à minha avó, quando esta aparecesse, que eu tinha ido lá buscar uma encomenda (ela era costureira).

então apareceu a velhinha, cabelos brancos amarrados num coque, lá no alto da escada, vinha secando as mãos no avental e, assim que me viu, gritou: é a marta, é a marta... e desceu correndo as escadas para me abraçar... um abraço forte, cheio de carinho, daqueles que a gente nunca esquece.

fiquei admirada pelo fato dela ter sabido quem eu era, afinal, eu não a conhecia.

ali passei dias que marcaram a minha infância e que até agora me trazem boas recordações. um tempo em que a vida só nos cobrava respeito aos mais velhos. todo o resto era consequência...

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se alguém passar por aqui, leva beijos meus...




terça-feira, 29 de março de 2011

a minha primeira casa...



a minha primeira casa era um tico de dar dó, feita de pau-a-pique,nada tinha de chique, era uma pobreza só.
o chão era de terra batida, a cobertura de sapê, colchões recheados com palha de milho. havia poucos utensílios, fechaduras nas portas? pra quê?
vivíamos do que a terra dava. meu pai cedo ia pra lavoura. em casa, minha mãe fazia o almoço; arroz, fubá, um pedacinho de carne com osso cozidinho na salmoura.

logo fomos pra cidade grande. meu pai queria tentar a sorte. arrumar emprego, por os filhos a estudar, construir uma casa, ter lugar para morar. depois disso: era esperar a morte.



e assim seguia a vida cheia de lutas e sacrifícios. um pouco do sonho foi realizado, as filhas mais velhas tinham até se casado. restava aos mais novos aprender bons ofícios.



cada um seguiu seu rumo, todos em busca de realização. tentar é válido, pensei. se conseguiram, eu não sei, mas creio que vivemos com paz no coração.



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há tempos, não vinha aqui... senti saudades, por isso, apareci.



quem vier, leva beijos meus...

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

...


um dia, uma pessoa muito amada disse que viria me visitar.

eu fiquei tão feliz que tive vontade de limpar a casa,
deixei a perfumada com essência de alecrim,
abri as janelas para permitir a entrada do sol,
botei na cama o melhor lençol,
separei a toalha mais macia,
distribui flores pelos cantos.
comprei vinho,
dei banho nos cachorros,
cuidei dos gatos,
escolhi as mais belas músicas e as deixei ali, à mão...

desde então, nada mais escrevi.

as palavras, com as quais já não tenho tanta afinidade, ficaram enroscadas em algum lugar e não mais as encontro.

acho que é porque a felicidade me invadiu.

sábado, 6 de novembro de 2010

até outro dia...



até outro dia, eu não era assim...

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

a mamangava da moça...

hoje eu estava xeretando num dos vários blogs que visito e vi uma postagem interessante. a moça escreveu sobre um "besouro" que entrou em sua casa e se apaixonou pela sandália.
tratava-se de uma mamangava, que ela parecia desconhecer.
lembrei-me das várias fotos que tenho dessa abelha e resolvi botar aqui.
acho que fiquei com inveja da moça...
há tempos não entram bichinhos em casa.

por outro lado, lá fora a coisa é diferente. a viuvinha (aquela) está tão linda, que tem atraído muitas abelhas e beija-flores.
é uma delícia ficar olhando p ela...




beijos aos passantes...

terça-feira, 27 de julho de 2010

o velho ipê... e as outras

há mais de dez anos, todos os anos, essa árvore me presenteia com essa maravilha!

e por mais que seja sempre igual, nunca deixa de ser um deleite p os olhos e p a alma...


essa plantinha é outra que vive me agradando... é tão delicada!


e essa outra é uma nova aquisição... vejam quantos pontinhos brancos. são flores que ainda desabrocharão...

quem vier, leva beijos meus...

sexta-feira, 9 de julho de 2010

revolução constitucionalista 1932...

paulista, com muito orgulho!
a revolução constitucionalista de 1932, revolução de 1932 ou guerra paulista, foi o movimento armado ocorrido no estado de são paulo, brasil, entre os meses de julho e outubro de 1932, que tinha por objetivo a derrubada do governo provisório de getúlio vargas, que revogara a constituição de 1891 e passara a governar por meio de decretos. assim, a razão central do conflito era a promulgação de uma nova constituição para o brasil.
para os paulistas, que estavam sendo governados por tenentes-interventores e que nenhuma afinidade tinham com o estado, era um desatino o que estava sendo feito, sentíamo-nos como que sendo tratados como terra conquistada.
o estopim da revolta foram as mortes de quatro estudantes paulistas (martins, miragaia, dráusio e camargo), assassinados no centro de são paulo por partidários de getúlio vargas, em 23 de maio de 1932. cinco foram alvejados, porém, um deles veio a falecer mais tarde, no dia 12 de agosto do mesmo ano.
multidão reunida em protesto ao assassinato dos estudantes. foi assim que surgiu o movimento de oposição, conhecido como MMDC, iniciais dos nomes dos referidos estudantes, responsável pela revolução, no dia 9 de julho de 1932.
foi montado um grande contingente de voluntários civis e militares que travaram uma luta armada contra o governo provisório, com o apoio de políticos de outros estados. na região atual de mato grosso do sul, chegou a ser criado um estado aliado a são paulo: estado de maracaju.
essa foi uma resposta paulista à revolução de 1930, a qual acabou com a autonomia de que os estados gozavam durante a vigência da constituição de 1891. a revolução de 1930 impediu a posse de júlio prestes na presidência da república (até então, ele era o governador de são paulo) e derrubou do poder o presidente da república washington luís, que fora governador de são paulo de 1920 a 1924, o qual havia indicado prestes à presidência, colocando fim à república velha.
o estado de são paulo, apesar de contar com mais de quarenta mil soldados, estava em desvantagem. por falta de apoio e a traição de outros estados, são paulo se encontrava num grande cerco militar. o movimento durou até o dia 2 de outubro do mesmo ano, quando foi derrotado militarmente.
para nós paulistas, a revolução de 1932 transformou-se em símbolo máximo do estado, a exemplo da guerra dos farrapos para os gaúchos. lembrada pelo feriado do dia 9 de julho, é a data cívica mais importante do estado e o maior movimento cívico de nossa história. a revolução é mais fortemente comemorada na cidade de são paulo do que no interior do estado, onde a destruição e as mortes provocadas pela rebelião são ainda recordadas, e também, a revolução de 1932 é muito relembrada nas regiões de divisa, onde se travaram os combates, especialmente no vale do paraíba paulista.
foi a primeira grande revolta contra o governo de getúlio vargas e o último grande conflito armado ocorrido no país.
no total, foram 87 dias de combates, (de 9 de julho a 4 de outubro de 1932 – sendo os últimos dois dias depois da rendição paulista), com um saldo oficial de 934 mortos, embora estimativas, não oficiais, reportem até 2200 mortos, sendo que numerosas cidades do interior do estado de são paulo sofreram danos devido aos combates.
são paulo, depois da revolução de 32, voltou a ser governado por paulistas, e, dois anos mais tarde, uma nova constituição foi promulgada, a constituição de 1934.
no restante do país, o movimento, assim como a já citada guerra dos farrapos, é mais lembrado pela versão dos vitoriosos, a de uma rebelião conservadora, visando a reconduzir as oligarquias paulistas ao poder, colocando esta tentativa de volta ao poder como algo inaceitável, e de uma rebelião de velado caráter separatista, que são as versões predominante nos livros didáticos de história do brasil. uma inverdade como tantas outras contadas por aí...

são paulo criou moeda própria, que foi falsificada pela ditadura e distribuída na capital paulista para desestabilizar a economia do estado. o dinheiro paulista era lastreado pelo ouro arrecadado pela campanha “ouro para o bem de são paulo”, também chamado de “ouro para a vitória”.
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link para o hino constitucionalista: http://www.youtube.com/watch?v=sl4WhmweVSo

imagens e parte do texto obtidos na internet...