segunda-feira, 9 de junho de 2008

minha companheirinha...


conhecemo-nos na rua. foi um encontro casual. desinteressado. simpatia à primeira vista!

nada tinha ela de atraente ou que pudesse chamar a atenção, a não ser, aquele permanente sorriso no olhar.

um sentimento brotou entre nós. uma coisa assim de cumplicidade.

todas as manhãs ela vinha o meu encontro, alegre, meio que esperando o meu bom dia. o meu cumprimento a deixava feliz. acompanhava-me até a esquina. de lá, bastava um gesto meu e ela retornava ao ponto de partida. claro, não fazia isso sem pelo menos uma vez, olhar p/ trás.

essa nossa descompromissada relação me fazia bem. eu me sentia amada. e acho que ela também.

numa noite, ao chegar em casa, uma fatalidade. um motorista descuidado. ela foi gravemente ferida. e, sem que eu me desse conta, ela desapareceu na escuridão. tentei em vão encontrá-la. - onde estaria a minha companheirinha?

com dor no coração saí p/ o meu trabalho no dia seguinte. à noite, uma surpresa. lá no portão estava ela. suja, trêmula... tinha se arrastado e me olhava como que pedindo por socorro. que dor deveria estar sentindo! com cuidado eu a recolhi em meus braços e a levei p/ casa. era a minha hora de retribuir o carinho. fiz isso com prazer. dei remédio, dei atenção... aos poucos, a febre cedeu e ela foi se recuperando. mais alguns dias e ela passou a se alimentar e ainda com dificuldade, caminhar um pouco. mais uns dias e parecia que nada tinha acontecido. dei banho, perfumei, troquei as roupas da cama especialmente preparada p/ ela.

bem... o que fazer agora? eu não poderia devolvê-la na rua, depois de tudo que passamos juntas. tive de adotá-la.

cá está ela comigo, mais simpática do que nunca... é a xulica... minha alegre companheira.

Nenhum comentário: